Apesar de nos termos mantido atentos à actividade do Sintra Clássicos e dos encontros que organizam em São Pedro de Penaferrim, tem-nos sido difícil comparecer aos mesmos, apesar da enorme vontade que temos em realizar um artigo dedicado a um evento que se encontra em franca expansão. No entanto, tivemos a oportunidade de frequentar, no passado Domingo, dia 11, um evento de características especiais que contou com o “selo de aprovação” desta comunidade, e que teve como palco um local que se revelou excelente para convívios como o que encontrámos: a Base Aérea Nº1, ex-líbris da aviação militar em Portugal, que abriu as portas aos “civis” neste dia, no âmbito das comemorações do 64º Aniversário da Força Aérea Portuguesa.
Com mais de 60 candidaturas recebidas, que não puderam ser aceites no seu todo por existir uma limitação a três dezenas de veículos autorizados a entrar na Base, razões para passar um dia dentro do complexo militar não faltaram, já que além dos automóveis presentes, os visitantes, dos quais se contabilizaram mais de 8000, podiam visitar o Museu do Ar, contemplar várias aeronaves em exposição, recriações históricas da 2ª Guerra Mundial e Guerra Colonial, mas também demonstrações da Secção Cinotécnica (treino de cães militares) e Falcoaria. Quarenta e três visitantes, mediante a realização de um sorteio, foram escolhidos para um baptismo de voo, a bordo de um dos C-295M da Força Aérea Portuguesa.
É interessante constatar que o mundo dos automóveis, sem que o seja, pode causar facilmente a impressão de ser estranhamente pequeno em algumas ocasiões, uma vez que, mal nos aproximámos da exposição que maior relevo merece neste artigo, avistámos alguns veículos com os quais nos cruzámos no fim de Agosto em Belém, na última edição dos Encontros Mensais de Lisboa, ou, não tão recentemente, nas várias edições de 2016 do Estoril Experience Day. Quer isso dizer que, para a Photorevvin', os factores de atracção deste encontro ficam reduzidos à partida, certo? Errado. Encontrar sistematicamente determinados automóveis em localizações e contextos distintos só vem provar que os respectivos proprietários os utilizam com frequência, não se importando minimamente que milhares de transeuntes os contemplem ou fotografem, uma posição que só merece o nosso apreço. No entanto, e apesar desta sensação de reencontro, muitos mais foram os clássicos que encontrámos pela primeira vez, com a esmagadora maioria a apresentar um estado de conservação invejável, prova da selecção cuidada por parte do “júri” do Sintra Clássicos.
É-nos difícil destacar alguns dos modelos presentes sem deixarmos de ser injustos com os que não mencionamos, mas deu-nos um prazer especial encontrar o Lancia Fulvia, numa cor fora do comum para este coupé italiano, o NSU TT, presença habitual nos encontros desta comunidade, numa cor que lhe confere uma grande presença, o Renault 5 GTE, versão não comercializada em Portugal, que facilmente se confunde com o GT Turbo em termos estéticos, mas que na verdade vem equipado com um motor 1.7 atmosférico a injecção, o único do género neste modelo, o Seat 850 Spider, muito raro no nosso país, embora não percebamos a razão deste exemplar se encontrar “camuflado” com badges da Fiat e Abarth, o Ford Escort Mk1 Estate, do qual não víamos um exemplar há largos anos, o Datsun 120A, por ser tão distinto das restantes presenças do encontro e, por fim, o Alfa Romeo Spider Coda Tronca 1600, que nos fez recordar o artigo Notte e Giorno, que produzimos há alguns meses. Para um evento limitado a trinta presenças, não temos como “levantar cabelo” no que diz respeito aos veículos escolhidos para fazer parte do mesmo, já que a diversidade foi um dos vários pontos fortes deste encontro.
Apesar de terem sido os automóveis a razão principal que nos levou à Base Aérea de Sintra, foi óptimo poder contar com actividades que nada tinham a ver com estes. A quem não teve oportunidade de passar pelo Museu do Ar no dia 11, fica a nossa sugestão para que o façam com a maior brevidade possível, já que o acervo deste espaço, além de uma excelente resenha histórica da aviação militar e comercial no nosso país, encontra-se exposto de uma forma muito cativante ao olhar. Dada a grande concentração de pessoas no Museu, não conseguimos tirar muitas fotos neste recanto da Base, pelo que um artigo exclusivamente dedicado ao mesmo no futuro é uma opção que estamos a considerar, assim haja agenda que nos permita voltar a Pêro Pinheiro com este propósito.
É impossível fartarmo-nos de automóveis clássicos, muito menos quando existe a oportunidade de encontrar algumas dezenas num espaço que, além de histórico, revelou-se surpreendentemente apto a acolher um encontro dedicado às velhas glórias da estrada. Apesar da forte concentração de público, que por vezes nos impediu de obter alguns registos fotográficos com maior celeridade (algo que, infelizmente, parece ser transversal a eventos que ocorrem em espaços de grandes dimensões), foi-nos impossível não sair da Base Aérea Nº1 com um balanço mais que positivo do dia que passámos nestas instalações militares. Nunca faltaram bons panos de fundo para as nossas fotos, actividades para ocupar os visitantes e motivos para pegar na máquina fotográfica e “disparar” o mais que conseguimos. Um bom evento não tem que primar necessariamente pela quantidade, se a qualidade estiver mais que assegurada, e foi precisamente isso que se verificou.
Parabéns e muito obrigado à Força Aérea Portuguesa por ter aberto as portas de um dos seus espaços mais míticos, e tiramos o chapéu ao Sintra Clássicos pela organização de um encontro que, mais que concentrar uma selecção muito interessante de veículos históricos, nos dá fortes razões para comparecermos num dos próximos encontros a ter lugar na Praça Dom Fernando II, para “fabricarmos” um novo artigo.
Esperamos poder voltar à Base Aérea de Sintra em 2017... e para a semana retornamos à rubrica Coffee Break, que se focará numa lenda dos automóveis franceses com graves problemas de hiperactividade. Até lá!
Gostámos: Variedade e estado de conservação das viaturas presentes, local do evento, leque de actividades ao dispor dos visitantes;
Não gostámos: Estacionamento para os visitantes mal planeado tendo em conta a quantidade de público, alguns momentos mortos nas actividades realizadas no exterior.
Texto e Fotografia
Joel Cerqueira
Fotografia e Edição
Rodrigo Inocêncio

















































































































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